ANGOLA
Principais Indicadores
Nome oficial | República de Angola |
Forma Convencional | Angola |
Presidente | S.E. João Manuel Gonçalves Lourenço |
Vice-Presidente | S.E. Esperança Maria Eduardo da Costa |
Data Nacional | 11 de Novembro (Dia da Independência) |
Capital | Luanda |
Divisão Administrativa | 18 Províncias |
Língua Oficial | Português |
Principais Línguas Nacionais | Umbundu, Kimbundu, Kikongu, Tchokwe, Fiote, Kwanyama e Nhaneca. |
População | 33 milhões de habitantes (2022 INE) |
Densidade Populacional | 28,5 habitantes/ km2 (2022) |
Moeda | Kwanza (Kz) |
PIB | 247 bilhões de dólares americanos (2022 IMF) |
Inflação | 21.4% (2022 IMF) |
Crescimento Real do PIB | 3% (2022 IMF) |
Principais Exportações | Petróleo, diamantes, madeira, peixe, café, sisal, etc. |
Principais Importações | Produtos alimentares, medicamentos, veículos, máquinas, equipamentos eléctricos, têxteis, etc. |
Geografia
Angola, oficialmente República de Angola, é o sétimo maior país africano em termos de dimensão territorial com uma superfície de 1.246.700 km2. O país está dividido em 18 províncias. A província mais a Norte, Cabinda, constitui um enclave separado do resto do território pela República Democrática do Congo. Os principais centros urbanos, para além de Luanda (a capital), são as cidades do Lubango, Benguela, Huambo, Cabinda, Lobito, Namibe, Malanje e Soyo.
Angola está situada na costa ocidental da África Austral, ao Sul da Linha do Equador e o seu território faz fronteira a Norte com a República do Congo e a República Democrática do Congo, a Leste com a República Democrática do Congo e República da Zambia, a Sul com a República da Namibia e a Oeste com o Oceano Atlântico. A fronteira terrestre de Angola tem uma extensão de 4.837 km.
Angola tem uma costa de 1.650 km e os principais portos são: Porto de Luanda, Lobito e Namibe. O Porto do Lobito está ligado aos Caminhos de Benguela que ligam a Costa Atlântica de Angola à República Democrática do Congo e à República da Zâmbia. Outros portos são: Porto Amboim, Cabinda, e Soyo. O principal e maior rio de Angola é o Kwanza, que dá o nome a moeda nacional, com mais de 1.000 km de extensão. Outros rios importantes são: Rio Cubango, Longa, Cuito, Cunene, Queve, Cuango e Cuando.
Clima
O Clima em Angola tem duas estações: a Estação Chuvosa, período mais quente que ocorre entre os meses de Outubro à Abril, e a Estação Seca (Cacimbo), que corresponde o período de Maio à Setembro. As temperaturas médias do país correspondem a 27°C máxima e 17°C mínima.
O país possui uma situação geográfica peculiar, por estar na zona intertropical e subtropical do hemisfério Sul, ser próximo ao mar e pelas especificidades do seu relevo, que divide-se em duas regiões climáticas distintas. A Região Litoral com humidade relativa média anual de 30% e temperatura média superior aos 23°C.
A Região do Interior subdividida em Zona Norte, com elevadas quedas pluviométricas e temperaturas altas, Zona de Altitude que abrange as regiões planálticas centrais com uma estação seca de temperaturas baixas e a Zona Sudoeste, semiárida em consequência da proximidade do deserto do Namibe, sujeita a grandes massas de ar tropical continental.
Flora e Fauna
Palanca Negra Gigante, Foto © EcoTur
Welwitschia Mirabilis
Angola apresenta cinco tipos de zonas naturais, a floresta húmida e densa como a de Maiombe, as savanas, normalmente associadas às matas como é o caso das Lundas, as savanas secas com árvores ou arbustos, em Luanda, Baixa de Kassanje e certas áreas das Lundas. Existem ainda zonas de estepe ao longo de uma faixa que tem o início a Sul do Sumbe e, por fim, a desértica que ocupa uma estreita faixa costeira no extremo Sul do país.
Em Angola conhecem-se inúmeras espécies de animais espalhadas por várias regiões. Na floresta do Maiombe habitam gorilas, chimpanzés e papagaios, nas zonas naturais mais húmidas do norte, centro e leste, podemos observar o golungo, a seixa e elefantes. Já nas regiões mais secas aparecem a cabra de leque, o guelengue do deserto ou orix, o gnu, a impala, a chita, o búfalo, também o elefante, a zebra e a girafa. Animais mais ou menos comuns a todo o território são a hiena, a palanca vermelha, o leão, o leopardo e o hipopótamo.
A caça furtiva e a guerra civil tiveram um impacto negativo na fauna angolana. Entretanto, no âmbito do projecto “Operação Arca de Noé” diversas espécies de animais provenientes de outros países africanos anteriormente existentes em Angola, foram introduzidas no Parque Nacional da Kissama.
População
Os dados provisórios do censo populacional realizado em Setembro de 2014, estimam a população de Angola em 24,3 milhões de habitantes, dos quais 62,3% habita em centros urbanos. A Província de Luanda é a mais populosa com 6.5 milhões habitantes, o que corresponde a 27% da população do país, e a Província do Bengo a menos populosa com apenas 274 mil habitantes, ou seja, 1% da população nacional.
A população angolana é maioritariamente de origem bantu e composta de vários grupos étnicos, nomeadamente os Ovimbundos (37%), Ambundos (25%), Bakongos (13%) Tchokwes (8%), mestiços (2%), europeus (1%) e outros. Pode-se dizer que a população angolana de origem europeia é principalmente proveniente de Portugal em consequência do legado da colonização.
Religião
Estátua do Cristo Rei, Lubango, Foto © JAIMAGENS
A maioria da população angolana professa o Cristianismo, sendo o Catolicismo a maior denominação religiosa. Um número considerável da população adere as igrejas protestantes, nomeadamente as Igrejas Baptistas, Metodistas e as Congregacionais, para além de um número reduzido de Protestantes Reformados e Luteranos.
Existem ainda as Igrejas Adventistas e Igrejas Pentecostes, algumas das quais com forte influência brasileira. Há igualmente duas igrejas do tipo sincrético, nomeadamente a Igreja Kimbanguista e a Igreja Tocoista. Os praticantes de religiões tradicionais africanas e do Islão constituem uma pequena minoria.
Breve Historia de Angola
O Chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas Angolanas, General Armando da Cruz Neto e o Chefe do Estado-Maior da UNITA, General Abreu Kamorteiro na assinatura do acordo de paz em Luanda no dia 4 de Abril de 2002, Foto © JAIMAGENS
O território habitado já na pré-história como atestam vestígios encontrados nas regiões das Lundas, Congo e no Deserto do Namibe, apenas milhares de anos mais tarde, em plena proto-história, receberia povos mais organizados. Os primeiros a instalarem-se foram os bosquímanos.
No início do século VI, povos mais evoluídos, inseridos tecnologicamente na Idade dos Metais, empreenderam uma das maiores migrações da História. Eram os bantu e vieram do norte, provavelmente da região da actual República dos Camarões. Esses povos, ao chegarem ao território encontraram os bosquímanos e outros grupos mais primitivos, impondo-lhes facilmente a sua tecnologia nos domínios da metalúrgica, cerâmica e agricultura. Dispersando-se na vastidão de Angola, os bantus foram-se constituindo em grupos, que deram origem às actuais etnias. No século XIII a estruturação social e política de alguns destes grupos origina o reino do Congo e de outros reinos, que deram ao território uma organização política e social equilibrada.
Esta é a situação que em 1482, Diogo Cão, navegador português, encontrou quando à frente de uma frota chegou à foz do rio Zaire. Estabelecem-se, a partir de então, relações cordiais entre os portugueses e os soberanos do Reino do Congo, com intensas trocas comerciais, relação quebrada quando Paulo Dias Novais inicia a ocupação e administração directa da faixa costeira através do estabelecimento de vários fortes. Paralelamente teve início o comércio de escravos face às necessidades de mão-de-obra no Brasil.
O comércio de escravos apenas terminou no fim do século XVIII, aquando da realização da Conferência de Berlim. A partilha de África, convencionada na conferência de Berlim, obrigou Portugal a uma prolongada luta pela ocupação e administração de toda Angola. O fim da monarquia em 1910 e a conjuntura internacional forçaram novas reformas em Portugal. Com o Estado que se pretende extensivo à Colónia, Angola passa a ser uma das províncias de Portugal (Província Ultramarina). Porém, uma delimitação definitiva e ocupação efectiva do território que é hoje Angola apenas foram alcançadas em 1921.
A situação vigente em Angola era aparentemente tranquila. Nos meados do século XX, esta tranquilidade seria posta em causa com o aparecimento dos primeiros movimentos nacionalistas. Inicia-se a formação de organizações políticas mais explícitas a partir da década de 50 que, de uma forma organizada iam fazendo ouvir os seus gritos. Promovem campanhas diplomáticas no mundo inteiro, pugnando pela independência de Angola.
No entanto, o poder colonial não cede às propostas das forças nacionalistas, provocando assim o desencadear de conflitos armados directos, a chamada “Luta de Libertação Nacional”, no dia 4 de Fevereiro de 1961. Destacaram-se nestes conflitos armados três grupos nacionalistas, nomeadamente o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). Depois de longos anos de confrontos, Angola alcança a independência no dia 11 de Novembro de 1975.
A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra entre os grupos nacionalistas que lutaram contra o colonialismo português. Porém, após cerca de 30 anos de guerra civil as armas calaram-se e a paz finalmente é consolidada a 4 de Abril de 2002. Desde então, Angola goza de uma estabilidade política e social.
Símbolos Nacionais
A Bandeira
A Bandeira Nacional da República de Angola foi adoptada em 1975, por altura da proclamação da Independência.
A Bandeira Nacional tem duas cores dispostas em duas faixas horizontais. A faixa superior é de cor vermelho-rubra e a inferior de cor preta e representam:
a) Vermelho-rubra – o sangue derramado pelos angolanos durante a opressão colonial, a luta de libertação nacional e a defesa da Pátria;
b) Preta – o Continente Africano
No centro, figura uma composição constituída por uma secção de uma roda dentada, símbolo dos trabalhadores e da produção industrial, por uma catana, símbolo dos camponeses, da produção agrícola e da luta armada e por uma estrela, símbolo da solidariedade internacional e do progresso.
A roda dentada, a catana e a estrela são de cor amarela que representa a riqueza do país.
A Insígnia da República
A Insígnia da República de Angola é formada por uma secção de uma roda dentada e por uma ramagem de milho, café e algodão, representando respectivamente os trabalhadores e a produção industrial, os camponeses e a produção agrícola. Na base do conjunto, existe um livro aberto, símbolo da educação, cultura e o sol nascente, significando o Novo País.
Ao centro está colocada uma catana e uma enxada, simbolizando o trabalho e o início da luta armada. Ao cimo figura a estrela, símbolo da solidariedade internacional e do progresso. Na parte inferior do emblema está colocada uma faixa dourada com a inscrição «República de Angola».
O Hino Nacional
“Angola Avante”
Ó Pátria, nunca mais esqueceremos
Os heróis do quatro de Fevereiro.
Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos
Tombados pela nossa Independência.
Honramos o passado e a nossa História,
Construindo no Trabalho o Homem novo,
(repetem-se os dois últimos versos)
Refrão
Angola, avante!
Revolução, pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!
(repete-se o refrão)
Levantemos nossas vozes libertadas
Para glória dos povos africanos.
Marchemos, combatentes angolanos,
Solidários com os povos oprimidos.
Orgulhosos lutaremos Pela Paz
Com as forças progressistas do mundo.
(repetem-se os dois últimos versos)
Angola e a Comunidade Internacional
Na cena internacional, Angola vem dando forte apoio as iniciativas que promovem a paz e a resolução de disputas regionais, favorecendo a via diplomática na prevenção de conflitos e a promoção dos direitos humanos. Na vertente multilateral, Angola é membro de várias organizações internacionais e regionais, tais como:
• União Africana
• Banco Mundial
• Comissão do Golfo da Guiné
• Fundo Monetário Internacional
• Organização das Nações Unidas
• Organização Mundial do Comércio
• Grupo de Estados de África, Caribe e Pacífico
• Sistema de Certificação do Processo Kimberley
• Organização dos Países Exportadores de Petróleo
• Agência Multilateral de Garantia de Investimentos
• Comunidade Económica dos Estados da África Central
• Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
• Organização dos Estados Americanos (Observador Permanente)
Economia
O potencial económico de Angola é elevado, diversificado e tem merecido uma especial atenção por parte da comunidade empresarial nacional e estrangeira. O subsolo angolano é rico em recursos naturais, tais como petróleo, gás natural, cobre, fosfato, diamante, zinco, alumínio, ouro, ferro, silício, urânio, quartzo, potássio, granito, mármore etc.
Angola possui imensos solos férteis e o seu clima é favorável a uma grande variedade de culturas tropicais e semitropicais. Os numerosos cursos de água que percorrem o país oferecem excelentes possibilidades de irrigação e conferem-lhe um enorme potencial hidroeléctrico. O país possui igualmente uma fauna e flora bastante rica em madeira e recursos marinhos.
O petróleo ainda representa a maior fonte de receita pública do país. Isso faz com que a economia seja vulnerável aos choques resultantes do preço do petróleo. Com o objectivo de diversificar ainda mais a economia e ajudar o país no combate aos efeitos da volatilidade do preço do petróleo, as autoridades angolanas criaram, em Outubro de 2012, um fundo soberano (Fundo Soberano de Angola) com uma cotação inicial de 5 bilhões de dólares americanos.
Perspectiva-se que, nos próximos anos, Angola venha a ser um país com uma economia cada vez mais sólida e crescente, capaz de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país e bem-estar da população.
Cultura
A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objectos de uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia.
Os grupos étnicos angolanos dispõem de um rico conjunto de músicas e danças, que integram com naturalidade o seu quotidiano e agir social. A música angolana tanto a tradicional (Semba, Rebita), como a moderna (Kizomba, Kuduro, Zouk) tem sabido trilhar o seu caminho, já com alguma projecção internacional. Existem alguns instrumentos tradicionais que importa mencionar que fazem parte da riqueza cultural e tradicional angolana, como o batuque, o kissange e a marimba.
A literatura angolana, cuja origem remonta a meados do século XIX, inscreve-se numa tradição feita por naturais da terra e demarcou-se rapidamente das suas congéneres em língua portuguesa, granjeando projecção mesmo fora das fronteiras do país. Ela conheceu a maioridade em 1935, com a publicação do primeiro romance escrito por um angolano, António Assis Júnior: “O segredo da Morta”.
Os anos 50 lançaram nomes como Agostinho Neto, Viriato da Cruz e António Jacinto, cujos poemas tiveram um papel importante em moldar a consciência de gerações inteiras para a necessidade de resistência contra a dominação colonial portuguesa e pela afirmação nacional. Nos anos seguintes, autores como Óscar Ribas, Luandino Vieira, Arnaldo Santos, Uanhenga Xitu e Mário António, entre alguns outros, foram recriando uma linguagem que tornava reconhecíveis na palavra escrita modos de ser, pensar e agir que só aos angolanos diziam respeito, contribuindo para a difusão e consolidação de uma identidade própria.
Em termos de gastronomia, cada grupo étnico de Angola tem a sua própria culinária tradicional, mas os ingredientes mais usados são mandioca, milho, inhame, batata, batata-doce, verduras, peixe, mariscos e carne. Angola tendo sido uma colonia Portuguesa é igualmente notável a influência de Portugal na sua gastronomia.
Um dos pratos típicos de Angola é o Funge, uma espécie de massa confeccionada com farinha de mandioca ou de milho, geralmente servido com Kizaka (folhas de mandioca cozidas e temperadas), Feijão de Óleo de Palma, Mwamba de Galinha (prato à base de galinha, amendoim, quiabos e outros temperos), Calulu (feito com peixe seco e fresco ou com carne, óleo de palma e vegetais), etc.
Os angolanos são ávidos praticantes de desportos. A modalidade mais popular em Angola é o futebol, seguido do basquetebol, andebol e o hóquei em patins. A selecção nacional de futebol participou pela primeira vez num mundial de futebol em 2006 na Alemanha. Nas 18 edições (1980 – 2013) do campeonato africano de basquetebol em que participou, a selecção nacional masculina obteve os seguintes resultados: ouro (11), prata (2) e bronze (3). Por seu turno, a selecção nacional feminina participou em 15 edições (1981 – 2013) com os seguintes resultados: ouro (2), prata (5). Ambas as equipas são campeãs da edição 2013 do campeonato africano de basquetebol.
Os maiores eventos desportivos internacionais realizados em Angola recentemente são o Campeonato Africano de Futebol em 2010 e o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins em 2013.
Turismo
Um povo amigável e hospitaleiro, uma variedade incrível de paisagens e uma cultura dinâmica e cativante fazem de Angola um país que vale a pena explorar. Em termos de turismo pode-se afirmar que Angola é um diamante bruto, com um potencial enorme ainda por explorar.
Angola possui diversos cenários paisagísticos naturais tais como quedas de água, rios, lagos, praias, montanhas, deserto, caves, grutas, formações rochosas etc., favoráveis para diversas actividades de turismo e lazer. O país tem seis Parques Nacionais, quatro Reservas Naturais Parciais e duas Reservas naturais Integrais onde algumas espécies endémicas tais como a Palanca Negra Gigante (fauna) e a Welwitschia Mirabilis (flora) podem ser encontradas.
Rio Quicombo, Kwanza Sul
Pedras Negras de Pungu-a-Ndongo, Malanje, Foto © JAIMAGENS
Grutas da Sassa, Kwanza Sul