João Upale | Moçâmedes
6 de Agosto, 2019
O ministro dos Transportes anunciou ontem, em Moçâmedes, uma renovação do empenho do Executivo e do apoio financeiro do Japão que tornam possível a modernização e expansão do Porto do Namibe, com o aumento da capacidade de atracagem, movimentação de navios e de mercadorias.
Ricardo de Abreu falava à margem da inauguração das obras concluídas da segunda fase do Projecto de Reabilitação e Modernização do Porto do Namibe, que terminou em Maio, 65 anos depois de ter sido lavrado o auto que formalizou o início dos trabalhos de construção do cais acostável do então Porto de Moçâmedes.
O ministro indicou que, antes dessa intervenção, o cais movimentava entre oito a dez navios por hora, o que é aumentado para entre 30 e 35 movimentos por hora, a capacidade estática é elevada de 1 700 para 2 700 teus, passando as ligações frigoríficas de 25 para 100 tomadas.
Notou que, não obstante à grande interferência das marés, devido a que é um porto de águas abertas e sem protecção, com a reabilitação completa do cais, será possível introduzir novos e mais modernos meios de descarga como gruas móveis, permitindo o triplo dos movimentos no cais e a consequente diminuição dos tempos de escala, de uma média de quatro a cinco dias de operação, para um dia por cada mil contentores.
“Este porto já esteve virado para a economia desta e das províncias da Huíla, do Cu-ando Cubango e Cunene. Com o término da segunda fase, vamos ter aqui no Namibe um porto em posição de concorrer com os seus similares mais próximos, respondendo ao crescimento da procura que se avizinha com a retomada da exploração mineira e o incremento da produção agrícola nesta região”, assegurou o ministro.
Ricardo de Abreu revelou a iminência de serem tomadas medidas de gestão para o subsector Marítimo e Portuário que vão permitir capitalizar neste e noutros portos, como é a disseminação do modelo de gestão de terminais do Porto de Luanda.
Fruto deste investimento, adiantou, espera-se que apareçam investidores privados nacionais e estrangeiros com capacidade financeira e conhecimento, quando se decidir lançar os concursos a favor dos terminais portuários, onde o ministro disse prever que se ultrapassem os números da produção dos anos 70, superando os seis milhões de toneladas por ano.
Oportunidades de emprego
Esta infra-estrutura, aliada ao Projecto de Desenvolvimento Integrado da Baía do Namibe, também financiado pelo Governo japonês,para além de dar um novo rosto a Moçâmedes, reforça a capacidade local de transporte, segurança e eficiência no manuseamento das cargas, a redução dos custos do frete, o aumento das receitas, bem como o crescimento do valor do porto, atraindo embarcações de grande porte.Espera-se ainda um aumento das oportunidades de emprego para os jovens do Namibe e o surgimento de uma variedade de profissões relacionadas às novas actividades, no fim, um incentivo à di-versificação da economia. “Vamos ter um porto novo, cujo desempenho influenciará, positivamente, a qualidade de vida das populações do Namibe”, concluiu Ricardo de Abreu.
O embaixador do Japão em Angola, Hironori Sawada, frisou que o seu Governo con-tribuiu para este projecto com um financiamento de 60 milhões de dólares, numa parceria que envolveu o sector privado nipónico, através da TOA Corporation.
Hironori Sawada também garantiu que o Japão vai continuar a direccionar apoios ao Namibe, onde a TOA Corporation está envolvida, como empreiteira, no Projecto de Desenvolvimento Integrado da Baía do Namibe, o que inclui a expansão do terminal de contentores do Porto do Namibe e a reabilitação do Porto do Saco-Mar.
Participação de alto nível na Conferência de Tóquio
Angola e o Japão estão no momento mais importante da sua história comum, o que pode ser sublimado na 7ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África, a ter lugar na cidade de Yokohama, no final deste mês, Angola estará representada pela primeira vez pelo Presidente da República, João Lourenço, declarou o embaixador nipónico.
Hironori Sawada disse estar convicto de que a visita do Presidente João Lourenço ao Japão trará novos impulsos para incrementar as relações económicas e comerciais, uma vez que Angola é a terceira maior economia de África. “Temos muito a fazer para alargar as nossas relações e esperamos que a cooperação no Namibe possa servir como um bom exemplo para o futuro,” declarou o diplomata.
O governador do Namibe, Carlos Cruz, destacou o porto como um activo estratégico para o desenvolvimento da região Sul, por ser a mais importante “porta” de entrada e saída de mercadorias.
Fonte: Jornal de Angola